Gabriel Coppola e Fran Vázquez revelam expectativas para trabalharem juntos em “Olhos Em Mim”

 

Foto Gabriel Coppola - Créditos: Fabio Audi / Foto Fran Vazquez - Créditos: Melina Ercoli.


Curta-metragem explora as violências não ditas e os silêncios que se acumulam quando o desejo entra em conflito com a identidade.

 

O projeto está em fase de pré-produção e será lançado nos festivais em 2026.

 

Dois talentos do cinema latino-americano se encontram em cena no curta-metragem “Olhos Em Mim”. O argentino Fran Vázquez e o brasileiro Gabriel Coppola se preparam para dividir o set pela primeira vez e já antecipam a ansiedade e entusiasmo de construírem essa parceria artística. 

A obra cinematográfica, que promete entregar intensidade e emoção, é um drama psicológico intenso e sensorial que explora as violências não ditas e os silêncios que se acumulam quando o desejo entra em conflito com a identidade. O projeto narra a história de Rafael (Gabriel Coppola), que, em um relacionamento estável, é confrontado por um sentimento surpreendente que desestabiliza suas certezas. 

Gael, que será interpretado por Fran Vazquez, é o catalisador deste momento confuso em que Rafael se encontra. Sua chegada não é apenas a de um novo rosto, mas a personificação de um desejo inesperado e avassalador. Ele representa o desconhecido e o silenciado, confrontando Rafael com uma faceta de sua própria identidade que ele nunca havia explorado ou, talvez, reprimido.

O projeto reúne trajetórias distintas, mas com pontos em comum: a paixão pela arte e a busca por papéis desafiadores. Sobre o encontro de ambos atores, Gabriel conta que desejava que essa união entre os dois personagens também fosse de mundos, de idiomas, culturas e vivências. “Ao mesmo tempo, queria mostrar que o desejo atravessa tudo isso. Um olhar, uma presença, pode dizer mais do que qualquer palavra”, descreve Coppola.  

Fran Vázquez revelou que vem conversando muito com Gabriel sobre o projeto e que o ator brasileiro está sempre o atualizando sobre o processo da pré-produção do curta-metragem. “Não vejo a hora de começar as filmagens. Estou ansioso para ver como vai ser participar de uma produção brasileira”, confessa Vázquez.

Coppola reforça a expectativa deste encontro em cena. “O cinema nos permite explorar universos diferentes, e contracenar com Fran certamente vai ampliar minha visão como ator. Tenho certeza de que vamos construir algo muito especial juntos em ‘Olhos em Mim’, mas também estou ansioso para começar a gravar e ter essa troca com ele, com todo o elenco e equipe. Podem esperar uma boa produção e uma linda história”, finaliza.

 

Redes Sociais:

 

Gabriel Coppola.

Instagram: @gabcoppola

Twitter: @gabcoppoIa

TikTok: @gabcoppola 

 

Fran Vazquez

Instagram: @vazquezfran

 

Por: Clilton Paz.

Fonte: Beatriz - DD Assessoria. 

 

 

 

 

A Cama de Ferro Digital: a Síndrome de Procusto, os limites da liberdade e a responsabilização das plataformas

 

Foto: divulgação.

Em uma era em que o mérito incomoda mais do que o erro, e onde a autenticidade é punida com o silêncio, a sociedade se vê diante do desafio de proteger a liberdade sem premiar a violência simbólica. Neste artigo, exploro como a mitológica Síndrome de Procusto reaparece na cultura digital contemporânea e como as recentes decisões judiciais abrem caminhos – e riscos – no enfrentamento desse fenômeno.

 

Vivemos uma era em que a ascensão é vigiada e a diferença, punida. Em meio à valorização do desempenho, da opinião e da visibilidade, multiplicam-se as estratégias de repressão simbólica contra quem se destaca. A chamada Síndrome de Procusto, inspirada na mitologia grega, traduz o comportamento social de silenciar, atacar ou desqualificar aquilo que escapa do padrão confortável. O mito se reinventa na sociedade digital: a cama de ferro tornou-se o algoritmo, e os alvos, todos aqueles que ousam romper consensos superficiais.

No ambiente virtual, essa síndrome ganha contornos específicos. O cyberstalking e o cyberbullying tornaram-se expressões recorrentes desse impulso social de nivelar por baixo. Observa-se a perseguição sistemática de indivíduos que expressam autenticidade, que pensam fora das bolhas digitais, ou que atingem algum grau de projeção. A internet, longe de ser um espaço de neutralidade democrática, reflete e amplifica a intolerância às diferenças, tornando-se terreno fértil para manifestações de ódio, difamação e exclusão pública.

Essa realidade não se restringe à esfera digital. Nas famílias, nas escolas e nas instituições, a lógica procustiana aparece quando há repressão ao talento que excede expectativas padronizadas. A resistência à inovação, o medo da superação e o desconforto diante do pensamento livre ainda são forças ativas na manutenção de estruturas hierárquicas e conservadoras. O mesmo padrão se reproduz nas políticas públicas que, em nome de uma falsa equidade, sufocam o mérito, desestimulam a excelência e reforçam a mediocridade.

Diante desse cenário, o papel das plataformas digitais tornou-se objeto de intensa discussão jurídica e social. O Supremo Tribunal Federal, ao analisar a constitucionalidade da norma que condicionava a responsabilidade das redes sociais à existência de ordem judicial, enfrentou um dilema contemporâneo: o equilíbrio entre liberdade de expressão e proteção contra abusos digitais. Por maioria, a Corte reconheceu que “plataformas podem ser responsabilizadas por conteúdos de terceiros, mesmo sem decisão judicial prévia, em casos notoriamente ilegais”, como incentivo à violência, ameaças a instituições democráticas, ataques a crianças e adolescentes, ou apologia ao suicídio.

Houve, no entanto, divergência. Parte dos ministros advertiu que a eliminação da exigência de ordem judicial pode criar brechas perigosas para abusos privados e censura arbitrária. Segundo um dos votos vencidos, “a liberdade de expressão deve ser protegida inclusive contra julgamentos morais majoritários”. Já a corrente vencedora defendeu que “em situações graves e evidentes, a inércia das plataformas diante de conteúdos ilícitos pode configurar conivência e gerar responsabilidade direta”.

A decisão estabelece um novo paradigma jurídico: exige das plataformas digitais ação concreta na moderação de conteúdos notoriamente ilícitos, sem dispensar o controle judicial nos casos controversos, principalmente quando envolvem a chamada honra subjetiva. Trata-se de uma tentativa de responder aos riscos reais da desinformação, do discurso de ódio e da violência digital sem comprometer o núcleo essencial da liberdade de expressão.

Esse novo marco contribui também para a reflexão acadêmica mais ampla sobre os efeitos sociais da comunicação digital. A multiplicação de discursos radicais, a perseguição sistemática ao pensamento crítico e a aversão pública ao mérito indicam que a Síndrome de Procusto não é apenas um fenômeno psicológico, mas uma estrutura de poder que opera para preservar zonas de conforto e silenciar toda forma de desvio criativo ou intelectual.

Urge, portanto, desenvolver políticas públicas e mecanismos institucionais que assegurem a convivência com a diferença, a valorização do mérito sem elitismo e a liberdade de expressão sem degeneração em discurso de ódio ou em libertinagem impune. A educação digital, o letramento midiático e a reformulação dos algoritmos são etapas indispensáveis para frear o ciclo de normalização da violência simbólica.

O mito de Procusto não é apenas alegoria. É diagnóstico. O desafio da sociedade contemporânea é resistir à tentação de mutilar ideias, silenciar vozes ou condenar talentos ao apagamento. A cama de ferro precisa ser desfeita. E isso exige coragem institucional, maturidade cívica e compromisso ético com a pluralidade.

 

Por: Clilton Paz.

Fonte: Thiago de Moraes - jornalista, analista de discurso e pesquisador independente em temas relacionados à cultura digital, liberdade de expressão e regulação das plataformas.

Sucesso de bilheteria em Brasília e Belo Horizonte, “Vou fazer de mim um mundo”, solo de Zezé Motta, chega ao CCBB do Rio de Janeiro para comemorar os 60 anos de carreira da atriz

 

Foto: Valentina Lassen. 

A peça é uma adaptação do livro de Maya Angelou, a primeira mulher negra a ser roteirista e diretora em Hollywood, e fica em cartaz no CCBB RJ de 15 de agosto à 5 de outubro.

 

Zezé Motta percorreu uma trajetória inspiradora em suas quase seis décadas de carreira. Gravou 14 discos, fez mais de 100 personagens na TV e no cinema. Já esteve nos mais importantes palcos do mundo, apresentou-se no Carnegie Hall de Nova York, no Olympia de Paris e na Venezuela, México, Chile, Argentina, Angola e Portugal.

É uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU), denunciando corajosamente casos de racismo.

Em comemoração à trajetória de uma das artistas mais aclamadas do país e que inspira gerações de mulheres negras na luta por espaço, expressão e oportunidades, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) traz para seu palco do Rio de Janeiro, depois de uma temporada com lotação esgotada em todas as apresentações no CCBB Brasília e no CCBB Belo Horizonte, o primeiro monólogo da carreira de Zezé Motta: “Vou Fazer de Mim um Mundo”. A montagem estreou no dia 15 de agosto e fica em cartaz até o dia 5 de outubro, no Teatro I do CCBB RJ, sextas e sábados às 19h e nos domingos às 18h.

Os ingressos estão sendo vendidos a R$30 (inteira) e R$15 (meia-entrada), no site bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB RJ. Todas as sessões contam com acessibilidade em Libras.

A sessão do dia 27/09, sábado, contará com audiodescrição. Além disso, após a sessão do dia 13/09, sábado, haverá um bate papo com a equipe do espetáculo.

O projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura e Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

O espetáculo é uma adaptação para teatro do livro da Dra. Maya Angelou, o best-seller “Eu sei por que o pássaro canta na gaiola”, lançado em 1969 e que agora chega ao Brasil, com dramaturgia e direção de Elissandro de Aquino.

A história, que se tornou um clássico, é a primeira das sete autobiografias que a autora publicou. Em ‘Pássaro’, Maya apresenta um tocante retrato da comunidade negra dos Estados Unidos, durante a segregação dos anos 1930-1940. Nele, parece haver um grito silencioso desse pássaro aprisionado que a Dra. Maya Angelou vivenciou e que a tornou ainda mais forte.

Como ela mesma cita: “O pássaro engaiolado canta com um trinado amedrontado sobre coisas desconhecidas, mas ainda desejadas...”. Angelou foi múltipla: poetisa, escritora, professora, roteirista, cantora, tradutora, atriz, militante, conviveu com Malcolm X, com James Baldwin, com o pastor Martin Luther King Jr. e se tornou um dos nomes mais reverenciados do século 20.

A peça valoriza a palavra oral, a palavra bem pronunciada a nos salvar de toda a loucura, tensão e extremismo da contemporaneidade. O cenário intimista, criado pelo artista plástico Claudio Partes, traz uma plantação de algodão, nuvens e um livro, de onde brotam as palavras poeticamente recitadas por Zezé.

A iluminação de Aurélio de Simoni, profissional que dispensa apresentações, cria uma atmosfera, pinçando memórias e afetos antigos. O figurino é de Margo Margot e apresenta Zezé com uma paleta amarela, contextualizada ao fim da peça, mas, também, alusão direta a Oxum, seu orixá.

A adaptação e a direção de Aquino abrem possibilidades para evocar a palavra, por vezes cadenciada como uma coreografia, por vezes como uma música, com notas espontâneas e improvisadas. Sempre, contudo, bendita.

“Partimos para um projeto bastante intimista, corajoso e potente. A ideia é cruzar duas realidades – a princípio tão distantes – e encontrar um elo entre as experiências humanas que nos atravessam como se não houvesse fronteiras. O projeto se abre em camadas, alternando micro e macro, o que o torna interessante e, ao mesmo tempo, desafiador. Sabemos que ele toca feridas diferentes, pois ora apresenta congruências coletivas, ora invade a nossa casa e expõe as dores mais veladas”, alerta o diretor artístico.

Em cena, Mila Moura e Pedro Leal David, multiplicarão o palco tocando arranjos exclusivos forjados no blues e suas variações. A trilha, porém, não se limita à atmosfera dos anos 30/40 do Sul dos Estados Unidos. Ao contrário, ela se mescla e abrange um campo nacional ao trazer nossos contemporâneos Dorival Caymmi, Luiz Melodia, Luiz Gonzaga, Milton Nascimento, Johnny Alf, Dona Clementina e Seu Jorge.

Segundo Pedro Leal David, que assina a direção musical, “é a confluência de dois rios: Maya Angelou e Zezé Motta. Com suas carreiras atravessadas pela música é natural que se buscasse, em antigas gravações, pistas para esse processo de criação. As musicalidades de Maya e Zezé nos dão notícias distintas sobre como os ritmos, sons, tons da diáspora africana foram abrindo caminho ao longo do século XX, tanto nos Estados Unidos, como no Brasil. Nossa proposta foi deixar esses rios se encontrarem, trazendo o blues pro violão de nylon, como quem levasse Baden Powell para um passeio nas margens do Mississipi, ou como quem imaginasse os Tincoãs, numa manhã de domingo, com suas vozes e atabaques, num culto em uma igreja da Louisiana. A Zezé tropicalista (ouça ‘Prazer Zezé, de 1972!) e a Maya do ‘Calypso’ nos dão a ousadia para esse experimento”.

Zezé, em “Vou Fazer de Mim um Mundo”, aventura-se, corajosamente, num universo pouco habitual dessa atriz-cantora solar. Nesse espetáculo mais lunar, veremos uma Zezé introspectiva, política, denunciadora das mazelas sofridas por nossos antepassados e, sim, dolorida.

Zezé pertence àquela categoria de atrizes que sentem profundamente cada palavra, que, quando ditas, estranhamente vão abrindo chagas ou cicatrizando feridas. Sabiamente o texto finaliza com alegria.

Não uma alegria exaltada, do riso, mas uma alegria por ter ao que agradecer, por honrar os ancestrais, uma alegria por aprender com as gerações que é preciso continuar a trajetória sendo a mudança.

Depois de dez anos, ter o retorno de Zezé Motta ao teatro estrelando “Vou Fazer de Mim um Mundo”, seu primeiro monólogo, é uma forma de celebrar seu octogésimo ano com um acontecimento único e histórico.

 

Serviço.

 

Vou Fazer de Mim um Mundo.

Temporada: de 15 de agosto até 5 de outubro – Sexta e Sábado, às 19h e domingo às 18h.

Local: Teatro I.

Classificação indicativa: 16 anos.

Duração: 60 minutos.

Ingressos: R$30 (inteira) e R$15 (meia-entrada), disponíveis no site bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB Rio de Janeiro.

Acessibilidade em Libras, em todas as sessões.

Audiodescrição na sessão do dia 27/09, sábado.

Bate-papo pós-sessão do dia 13/09, sábado.

Estudantes, maiores de 65 anos e Clientes Ourocard pagam meia entrada.

 

Serviço CCBB.

 

Centro Cultural Banco do Brasil.

Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 - Centro, Rio de Janeiro (RJ).

Tel. (21) 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br

Informações sobre programação, acessibilidade, estacionamento e outros serviços: bb.com.br/cultura

 

Confira a programação completa também nas redes sociais:

 

x.com/ccbb_rj | facebook.com/ccbb.rj | instagram.com/ccbbrj

 

Por: Clilton Paz.

Fonte: Cláudia Tisato.